quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Saudades de ti

Faz hoje três anos que te vi partir. Partiste sem te despedires, sem me fazeres um telefonema a avisar que ias embarcar numa viagem sem regresso. Nem sequer me escreveste uma carta ou deixaste um bilhete no frigorífico da cozinha... Mas, nem tu próprio podias adivinhar.



Adorava que estivesses aqui para veres tudo o que me tem acontecido nestes últimos tempos; para podermos passar tardes no terraço virado para a serra a contar histórias; para podermos ir ao parque juntos - embora eu já não possa andar nos baloiços ou nos escorregas - podiamos sempre ficar sentados naquele banco verde, debaixo da árvore, à sombra, a falar de tudo e de mais alguma coisa; podíamos também ir encher os garrafões de água vazios que estão na garagem à Serra; ou então, podiamos fazer um piquenique a qualquer lado, levavamos a merenda naquele cesto que eu tanto gosto.



Tenho muitas saudades tuas.. Saudades do teu sorriso, das tuas mãos a limparem as minhas lágrimas, das tuas histórias, das nossas gargalhadas, de te ouvir a cantar, dos teus ensinamentos. Enfim, saudades de ti. 
Sei que estás num lugar melhor agora, contudo, desejava poder voltar a ver-te para te dizer o quanto gosto de ti e a falta que me tens feito. Era tudo tão diferente se estivesses aqui...



Dizias que eu era a menina dos teus olhos. Hoje eu digo que de entre todas as estrelas, tu és a minha estrela, avô.

mariajoãoguedescastanheira

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O nevoeiro no outono

Estou em Sintra, mais concretamente no Chalêt do Relógio, naquele quarto que tem uma janela com vista para a Serra de Sintra e onde bem lá no alto se consegue ver o Palácio da Pena - embora não o consiga ver agora, não só por ser de noite, mas também porque está nevoeiro.
Escolhi o primeiro dia do mês de outubro para dar um passeio na serra, agora só volto cá na primavera. Enquanto passeava e observava tudo à minha volta, cheguei à conclusão de que o mês de outubro é mágico. É quando as folhas das árvores começam a cair e ganham diferentes cores; é quando o nevoeiro é mais denso; é quando tudo se torna mais misterioso.


Está tudo diferente desde a última vez que cá vim, contudo, pernamece na mesma a magia e a mística neste local.
O que mais me encantou? Obviamente as folhas de cor laranja, amarela, vermelha caídas no chão; todas tinham o seu formato e tamanho, não havia uma mais bonita que a outra.
Trouxe duas comigo - uma vermelha e outra amarela - não sei o porquê de ter escolhido estas cores, talvez por serem as cores que mais caracterizam o outono.
Voltei para o Chalêt do Relógio, seguindo pela mesma estrada, furando o nevoeiro, ouvindo a água a correr por alguns caminhos, observando tudo o que para mim era visível. 
 Quando cheguei, pousei as folhas no parapeito da janela para que estas pudessem secar. Retirei da mochila o meu caderno de folhas brancas, para ver se era capaz de colori-lo da mesma forma que o outono consegue, mesmo com nevoeiro...


"Gosto do outono porque ele é frio suficiente para refrescar o calor.. E é quente o suficiente para aquecer o frio!"

mariajoãoguedescastanheira