Começava assim a carta do meu amigo a propósito da frase "tu me manques" que em português significa - tenho saudades tuas. Respondi-lhe que não tinha saudades de ninguém, que era uma pessoa fria, insensível e calculista.
Guardei as saudades no bolso para não deixar que estas me provoquem apertos no peito quando vou dormir. Ou então, lágrimas quando escuto uma música. Perdi as saudades na viagem, "enviei-as" para longe com o vento - como quem sopra um dente de leão - e lá foram elas, voando e ficando cada vez mais longe dos meus olhos; longe do meu coração.
Quando a cortina fecha e retiro a máscara, posso finalmente, ser eu.
A menina capaz de sorrir com os olhos; a menina que chora por quase tudo e por quase nada; a menina que está sempre a sorrir; a menina que canta e dança sem querer saber o que os outros irão pensar; a menina que aprecia as estrelas, o sol, a lua; a menina que vive o momento intensamente; a menina que ri e não consegue parar; e menina que se preocupa mais com os outros do que com ela mesma; a menina teimosa que guarda tudo para ela; a menina que tem saudades...
Saudades? Tenho imensas, mas não tenho saudades de muita gente. Não. Tenho saudades de pouca gente. Apenas das pessoas especiais.
Mas não será mais fácil dizer que não tenho saudades?
mariajoãoguedescastanheira