Serra da Estrela. Um noite de verão, (finalmente). Vou para o alpendre e sento-me na cadeira de baloiço. Apago a luz para assim me habituar à escuridão da noite.
Vim assistir a um espetáculo, não pago bilhete nem tenho lugar marcado. E podem acreditar que para este, cinco estrelas não chegariam para qualificar e/ou quantificar o mesmo.
Vim observar as estrelas.
É uma imensidão!
É uma imensidão!
Retiro a minha máquina fotográfica da bolsa. Tento tirar uma fotografia. Tentativa falhada... O ecrã da máquina aparece escuro. Volto a tentar tirar outra, mas desta vez com flash. Mais uma tentativa falhada. Não consigo fotografar as estrelas. Ou então, elas existem simplesmente para serem observadas, não fotografadas.
Estão lá todas as noites à espera de serem observadas por nós. Mas são raras as pessoas que as observam, simplesmente porque andam demasiado atarefadas e já nem conseguem parar. Desculpas. Para mim o tempo é apenas uma desculpa. Enquanto andarmos aqui temos todo o tempo do mundo, não podemos é perder tempo.
A verdade é que nunca sabemos quando será a última vez que vemos as estrelas.
A verdade é que nunca sabemos quando será a última vez que vemos as estrelas.
[A culpa não é das estrelas; quanto muito é da consciência humana e daqueles que não as veem. As estrelas são felizes porque não podem ser infelizes. Elas não têm a liberdade de ser felizes, elas têm de ser felizes. A
sua felicidade é inconsciente, é simplesmente natural. Os seres humanos
são infelizes porque escolhem sê-lo. Parece bastante simples, não é?
Mas é simples, nós que é gostamos de complicar.]
Sinto-me grata. Agradeço a Deus e ao Universo pela oportunidade que me dão cada noite de poder contemplar, simplesmente contemplar.
Sorrio.
Passa uma estrela cadente.
Peço um desejo.
Agradeço.
É magia.
De facto, "o mundo não foi feito para nós, nós é que fomos feitos para o mundo."
mariajoãoguedescastanheira